terça-feira, 1 de junho de 2010

2010, o ano da Biodiversidade


2010, o ano da Biodiversidade
Por Rafaela Lopes Falaschi

“Conservation biology and the conservation movement cannot reverse history and return the biosphere to its prelapsarian majesty.” (Soulé 1986)

Foi declarado que 2010 é o ano da Biodiversidade. Na verdade, é o ano internacional da biodiversidade. Um ano todinho só para ela, que beleza hein? Mas o porquê será de tamanha atenção para essa jovem senhora? O mundo todo está com os olhos voltados a ela. Bom, vamos saber um pouco sobre ela...
A instituição declarante, a qual representa a todos nós, ou seja, todas as nações, é a ONU (Organização das Nações Unidas). E na sua declaração diz: “Biodiversidade é vida; Biodiversidade é a nossa vida.”. Isso por si só já diz muito. Aliás, diz demais. E me fez questionar, “só um ano?”.
2010 é o ano da Copa, é ano eleitoral e é ano das Olimpíadas de Inverno, além de muitas outras coisas muito importantes e com significados para diferentes pessoas em diferentes locais do planeta. Então –outra questão – por que justamente 2010, ano este tão repleto de eventos que desviam nosso olhar para diferentes direções? E me lembro então das chuvas torrenciais, as quais trouxeram estrago em cidades e vidas de milhares de pessoas, dos terremotos no Haiti e Chile... Fatos que também desviaram muito a atenção de todos nós, bem como a imagem de um urso polar a deriva numa placa de gelo em pleno oceano ártico.
Mas vamos com calma... Primeiro tentemos entender – além do significado dado pela frase colocada pela ONU – por que a Biodiversidade ganhou um ano só dela e porque esse ano é 2010.
Vou começar com um breve histórico. Lá pelos idos de 1968, quando o biólogo Raymond F. Dasmann publicou o livro “Different Kind of Country” (“Diferente tipo de país”, em tradução livre), ele disse:
"We are already fighting World War III and I am sorry to say we are winning it. It is the war against the earth." (traduzindo: “Nós já estamos lutando a 3a Guerra Mundial e eu sinto dizer que nós a estamos vencendo. É a guerra contra a Terra.”)". 
É a partir de seus escritos que questões concernentes à diversidade biológica começam a se popularizar. No mesmo ritmo, não na mesma época, o biólogo Thomas Eugene Lovejoy também faz a sua parte na divulgação e discussão de assuntos relativos à biologia da conservação e biodiversidade, como por exemplo no prefácio que escreveu para o livro de 1980 “Conservation Biology: An Evolutionary-Ecological Perspective” (Biologiada Conservação: uma perspectiva evolutiva-ecológica), dos biólogos E. Soulé e Bruce A. Wilcox, onde o termo diversidade biológica aparece também. Uma pausa: pode parecer que até então não se falava ou pensava nisso, o que é uma impressão equivocada. O que acontece é que ao invés de biological diversity era usado natural diversity, e o termo Biodiversidade (contração de biological diversity, ou seja, diversidade biológica) aparece com W.G. Rose em 1985, durante o National Forum on Biological Diversity e é amplamente difundido em 1988 pelo entomólogo Edward O. Wilson. Dificilmente um estudante de biologia nunca ouviu falar de um livro cheio de páginas, chamado Biodiversidade. O qual inclusive está esgotado, e isso em 2010, o ano da Biodiversidade!
Mas no que ajuda toda essa cronologia de um termo? É que ao seguir essa cronologia estamos acompanhando o surgimento de outra jovem senhora, a Biologia da Conservação. A história de ambas se mistura. Como falar de Biologia da Conservação sem mencionar Biodiversidade? E como tratar de Biodiversidade sem a Biologia da Conservação? E se fugirmos um pouquinho da biologia senso estrito e acompanharmos o desenvolvimento humano, social, financeiro e tecnológico, vamos acabar por entender porque a cada ano estas duas senhoras se tornaram verdadeiras estrelas não apenas na Biologia...
Mas enfim, se te perguntassem o que é Biodiversidade, o que você diria? 


Continua...


Fonte da figura: RedBug (ideia e criação Juliano Caetano)


Para ler:
Biodiversidade, Edward O. Wilson, 2ª edição, editora Nova Fronteira, ISBN: 85209079X 680, 657 pp., 1997.
Biologia da Conservação, Richard B. Primack & Efraim Rodrigues, ISBN: 8590200213, 2001.
Primavera Silenciosa, Rachel L. Carson, editora Melhoramentos, 1969.

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