Por Rafaela L. Falaschi
"É comum entrarmos na faculdade já direcionados para o que vamos “querer
fazer”. Genética, ecologia, fisiologia, biologia marinha, etc. A partir de
então já vamos gostando mais dessa matéria do que daquela outra, essa é importante
para mim, a outra não, e assim por diante. Afinal, temos que conduzir nossa
formação e currículo da melhor forma possível, certo? Certíssimo. Mas como conduzir?
Descobri que queria ser “cientista de bicho” aos seis anos de idade, numa aula
onde a professora levou minhocas, cachorros, gatos e aves nas aulas durante uma
semana. Para o infortúnio da minha família, a decisão permaneceu e voilà, me tornei bióloga. Esse foi meu
sonho, vontade, desejo, inclinação profissional, ou seja lá como desejem chamar:
fazer biologia! E para isso dediquei meus esforços para este objetivo e ingressei
em uma faculdade de Ciências Biológicas. Mas qual não foi o meu susto, e ainda
é, ao notar que o mais difícil na faculdade foi (e continua sendo) se formar
biólogo. Uma grade curricular abarrotada de disciplinas, muitas vezes
descontextualizadas e por vezes conduzidas por professores que não são da área,
muitas atividades, pouca orientação do que fazer, como fazer, o quanto fazer. E
isso tudo logo após sairmos de um mundo totalmente distinto, onde fazemos o que
nos dizem, estudamos o que vai cair na prova, lemos os livros que exigem. Como
aprender e apreender nessa vida nova? Pois é aí que mal orientados e perdidos,
vamos fazendo como no colegial/cursinho, fragmentando a ‘escola’ em matérias
distintas e desconexas, conduzindo nossos estudos para o que queremos “ser” e
“fazer”. Antes, queríamos biologia, mas agora queremos genética, ecologia,
zoologia... Mas não era biologia??? Quando percebemos o dano causado, ou
estamos no fim do curso, ou já nos formamos ou (acreditem) nem percebemos. E de
não perceber ou fazê-lo muito tarde, é que vêm as aulas esquisitas, sem
contexto, “chatas”, as matérias “que eu não gosto”, “não estudo”, “não preciso”,
etc. Não conseguimos integrar a própria biologia. Todo biólogo tem que saber o
que é taxonomia, saber ler um cladograma, saber história e filosofia da
ciência, exercitar a divulgação científica, entender os fundamentos básicos de
genética e evolução, de botânica, de ecologia, de anatomia, fisiologia,
imunologia, etologia, entre outras. Infelizmente, não podemos esperar que todas
as aulas sejam boas, que se inter-relacionem, que as grades fiquem mais
enxutas, etc. Devemos buscar essas coisas, mesmo sabendo que não consigamos
para nosso usufruto. Na carreira de biólogo, ter tudo isso em mente é um exercício
que cabe a cada um de nós, fundamental para sermos bons educadores,
pesquisadores, profissionais e, claro, felizes."
ficou muito bom! :)
ResponderExcluirNossa muito bom o textinho uahuahuahuah
ResponderExcluirTambém faço faculdade de bio e me encontro muitas vezes nestas reflexões... parece que a matéria da escola/cursinho era uma coisa mais gostosa de se ver, não que na faculdade não seja, mas nela você acaba não excluindo algumas matérias e não pensa que sem elas não há biologia...e por isso você mesmo acaba excluindo seu curso de que tanto gosta hahahah
Acho que é defeito humano mesmo , mas é bacana o que você disse, mesmo não gostando, temos que tomar as rédias e aprender né =)
MUito bom o blog, visitarei com mais freqüência com certeza!!
Abraços