quarta-feira, 7 de julho de 2010

Biologia e você, nada a ver?

Esse é um texto que eu escrevi a pedido do "CEB Informa" de junho, o jornal do centro estudantil da Biologia da FFCLRP, USP. 

Por Rafaela L. Falaschi

"É comum entrarmos na faculdade já direcionados para o que vamos “querer fazer”. Genética, ecologia, fisiologia, biologia marinha, etc. A partir de então já vamos gostando mais dessa matéria do que daquela outra, essa é importante para mim, a outra não, e assim por diante. Afinal, temos que conduzir nossa formação e currículo da melhor forma possível, certo? Certíssimo. Mas como conduzir? Descobri que queria ser “cientista de bicho” aos seis anos de idade, numa aula onde a professora levou minhocas, cachorros, gatos e aves nas aulas durante uma semana. Para o infortúnio da minha família, a decisão permaneceu e voilà, me tornei bióloga. Esse foi meu sonho, vontade, desejo, inclinação profissional, ou seja lá como desejem chamar: fazer biologia! E para isso dediquei meus esforços para este objetivo e ingressei em uma faculdade de Ciências Biológicas. Mas qual não foi o meu susto, e ainda é, ao notar que o mais difícil na faculdade foi (e continua sendo) se formar biólogo. Uma grade curricular abarrotada de disciplinas, muitas vezes descontextualizadas e por vezes conduzidas por professores que não são da área, muitas atividades, pouca orientação do que fazer, como fazer, o quanto fazer. E isso tudo logo após sairmos de um mundo totalmente distinto, onde fazemos o que nos dizem, estudamos o que vai cair na prova, lemos os livros que exigem. Como aprender e apreender nessa vida nova? Pois é aí que mal orientados e perdidos, vamos fazendo como no colegial/cursinho, fragmentando a ‘escola’ em matérias distintas e desconexas, conduzindo nossos estudos para o que queremos “ser” e “fazer”. Antes, queríamos biologia, mas agora queremos genética, ecologia, zoologia... Mas não era biologia??? Quando percebemos o dano causado, ou estamos no fim do curso, ou já nos formamos ou (acreditem) nem percebemos. E de não perceber ou fazê-lo muito tarde, é que vêm as aulas esquisitas, sem contexto, “chatas”, as matérias “que eu não gosto”, “não estudo”, “não preciso”, etc. Não conseguimos integrar a própria biologia. Todo biólogo tem que saber o que é taxonomia, saber ler um cladograma, saber história e filosofia da ciência, exercitar a divulgação científica, entender os fundamentos básicos de genética e evolução, de botânica, de ecologia, de anatomia, fisiologia, imunologia, etologia, entre outras. Infelizmente, não podemos esperar que todas as aulas sejam boas, que se inter-relacionem, que as grades fiquem mais enxutas, etc. Devemos buscar essas coisas, mesmo sabendo que não consigamos para nosso usufruto. Na carreira de biólogo, ter tudo isso em mente é um exercício que cabe a cada um de nós, fundamental para sermos bons educadores, pesquisadores, profissionais e, claro, felizes."

2 comentários:

  1. Nossa muito bom o textinho uahuahuahuah
    Também faço faculdade de bio e me encontro muitas vezes nestas reflexões... parece que a matéria da escola/cursinho era uma coisa mais gostosa de se ver, não que na faculdade não seja, mas nela você acaba não excluindo algumas matérias e não pensa que sem elas não há biologia...e por isso você mesmo acaba excluindo seu curso de que tanto gosta hahahah
    Acho que é defeito humano mesmo , mas é bacana o que você disse, mesmo não gostando, temos que tomar as rédias e aprender né =)

    MUito bom o blog, visitarei com mais freqüência com certeza!!

    Abraços

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